A proposta de desapropriação e preservação do distrito de Bento Rodrigues levanta debates sobre o futuro do território e o papel da comunidade nesse processo.
O futuro de Bento Rodrigues, distrito devastado pelo rompimento da barragem do Fundão em 2015, está envolto em dúvidas e gera debates. Segundo o documento do Novo Acordo de Mariana, a proposta de desapropriação da área, prevista para ocorrer até junho de 2025, tem o objetivo de preservar a história e a memória do local, mas suscita questionamentos sobre a participação efetiva da comunidade atingida, a condução do processo de repactuação e as garantias reais de respeito ao território. Para os moradores, tanto os que ainda vivem no local quanto os ex-residentes, as decisões tomadas agora serão determinantes para a preservação de uma história de mais de 300 anos.
A construção de um memorial no local é vista como uma forma de preservar as memórias e as histórias dos moradores, mas também levanta questões sobre a condução do processo. Mauro Silva, ex-morador do distrito, destaca que o espaço precisa ir além de um registro do crime e valorizar a rica história de Bento Rodrigues. “A gente vê sim a necessidade de um memorial, mas que ele não se limite ao rompimento da barragem. São mais de 300 anos de histórias que precisam ser contadas”, afirma Mauro.
Em meio a tantas incertezas, o que está em jogo é mais do que a preservação de um espaço físico. Trata-se de garantir que a história, a identidade e os direitos de uma comunidade inteira não sejam apagados. A luta de Bento Rodrigues é uma luta pela memória, pela justiça e pelo direito a um futuro que respeite suas raízes. Resta saber se as ações propostas pelo poder público e pelas empresas responsáveis serão eficazes para atender essas demandas ou se continuarão a perpetuar as violências históricas que já marcaram tanto essa comunidade.
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