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Emanuel Marcelino e Maria Teresa Carvalho

Alunos da rede municipal de Mariana lançam livros em festival literário da cidade

O evento contou com uma programação que trouxe o poder transformador da literatura à tona


A última edição do Retratos de Leitura no Brasil, uma pesquisa nacional que analisa as práticas de leitura dos brasileiros, mostrou que apenas 27% dos entrevistados leram pelo menos uma obra completa nos três meses que antecederam a pesquisa, divulgada em novembro de 2024. Foi pensando na necessidade de reavivar a importância da leitura que o Festival Literário de Mariana, o Flim, reuniu, no dia 11 de dezembro, os alunos das escolas municipais da cidade para o lançamento do livro “Escrevivências: diários de tantas infâncias”, idealizado pela professora Fátima Rezende a partir de textos e imagens produzidos pelos estudantes do quinto ano da Escola Municipal de Bento Rodrigues. O festival ainda premiou os vencedores do concurso de Aldravias Ilustradas das escolas municipais da cidade.


O termo “escrevivências” trata da reescritura das vivências a partir de um olhar do sujeito com sua ancestralidade. O conceito, criado por Conceição Evaristo, importante linguista e escritora afro-brasileira, e inspirado pelo livro “Diário de Pilar na Amazônia”, escrito por Flávia Lins e Silva, serviu como base para a produção dos alunos da Escola Municipal de Bento Rodrigues.


O livro convida as crianças a serem protagonistas das suas próprias histórias, mesclando narrativas reais e ficcionais que exploram as suas próprias vivências. Para a diretora da escola, Eliene Almeida, os alunos estão mais resistentes à leitura e projetos como esse contribuem para retomar o encantamento das crianças com os livros, trazendo benefícios perceptíveis para a educação. “A leitura abre espaço para muitas questões na vida deles. Eles melhoram em relação ao vocabulário, escrevem mais corretamente e, com certeza, as notas deles melhoraram”, afirma a diretora.


DESCRIÇÃO: Cinco crianças com uniformes escolares estão sentadas ao redor de uma mesa cheia de exemplares do livro “Escrevivências”. Elas autografam a obra com atenção. Ao fundo, há uma prateleira de livros e um banner azul que menciona oficinas criativas para crianças.
Sessão de autógrafos do livro “Escrevivências” | Foto: Maria Teresa Carvalho

Durante todo o ano de 2024, foram ministradas oficinas de aldravias, desenhos e esculturas têxteis para alunos dos terceiros aos nonos anos do ensino fundamental das escolas dos distritos de Mariana. A reunião das produções artísticas dos estudantes culminou na publicação do livro “1º Concurso de Aldravias Ilustradas da Rede Municipal de Ensino de Mariana”, também lançado no Flim. A obra é um compilado das manifestações artísticas que os alunos produziram a partir das oficinas. As poesias publicadas estão acompanhadas de desenhos e fotografias das esculturas feitas pelos alunos.


DESCRIÇÃO: Uma mesa comprida de madeira exibe várias esculturas coloridas posicionadas sobre bases feitas de pedaços de troncos. Cada escultura tem uma pequena placa azul com informações ao lado. Ao fundo, há uma parede decorada com prateleiras cheias de livros coloridos.
Esculturas têxteis produzidas com sobras de tecido pelos alunos nas oficinas ministradas | Foto: Maria Teresa Carvalho

O projeto pedagógico é uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de Mariana, a Academia Marianense de Letras, a Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil e a Aldrava Letras e Artes. Para Luiz Felipe Cizilio, subsecretário municipal de Educação de Mariana, “a importância dessa parceria é principalmente trazer os alunos premiados, que na sua maioria foram de escolas de distritos, para dentro da Sede, para que eles reconheçam esse espaço como deles”. O subsecretário entende que as premiações são uma forma de valorizar a educação no município.


A Aldravia, uma expressão de poesia minimalista que compreende seis versos uni vocabulares, foi criada em Mariana, em 2010. Os premiados no concurso Aldravias Ilustradas, organizado pela Rede Municipal de Mariana e parte da programação da Flim, foram chamados ao palco para falar sobre seus processos criativos com Andréia Donadon, poeta, artista plástica e idealizadora do projeto. “A ideia é criar uma rede poética de ensino para que todos possam produzir poesia, mas sendo orientados pelos escritores, os criadores do movimento”, conta a artista. 


DESCRIÇÃO: No palco do evento, Andreia Donadon, uma mulher adulta vestida de branco conduz uma roda de conversa. Ela segura um microfone. Ao seu redor, cinco crianças em uniformes escolares estão sentadas e participam, respondendo às perguntas dela. O cenário tem um fundo azul com a palavra "FLIM" em destaque, prateleiras de livros ao fundo e flores decorando o teto.
Roda de conversa com os ganhadores do concurso, mediada por Andreia Donadon | Foto: Maria Teresa Carvalho

O Festival de Literatura de Mariana, realizado pela instituição Reparação da Bacia do Rio Doce, contou com diversas atividades destinadas ao público infantil. A fim de estimular o hábito da leitura e a capacidade criativa dos estudantes, eles puderam assistir à apresentação teatral “Malala e o lápis mágico”, que conta a história da ativista paquistanesa que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 2014. Eles também puderam participar de oficinas de ilustração e criação de livros, como estímulo para continuarem desenvolvendo suas habilidades como escritores e artistas.

Em bate-papo com a jornalista Bianca Ramoneda, a última atividade da programação do Flim, a escritora Thalita Rebouças encerrou o evento evidenciando os desafios para a formação de leitores no Brasil: “É essa literatura (recreativa) que ‘pega’ as pessoas que estão deixando o livro de brinquedo e de ilustração de lado, e achando o livro adulto muito adulto para elas. Então elas se perdem ali, e é muito difícil retomar os hábitos da leitura mais tarde. O livro infantojuvenil é o grande segredo para formação de público leitor.” 


DESCRIÇÃO: No palco do evento, à esquerda, Thalita Rebouças veste um macacão laranja e responde uma pergunta de Bianca Ramoneda, que veste um vestido comprido estampado. Ambas estão sentadas, uma ao lado da outra. O cenário tem um fundo azul com a palavra "FLIM" em destaque, prateleiras de livros ao fundo e flores decorando o teto.
A jornalista Bianca Ramoneda entrevista a escritora Thalita Rebouças | Foto: Emanuel Marcelino



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