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Casa da Ópera de Ouro Preto celebra mais um aniversário

  • Davi Lacerda e Mateus Del’Amore
  • 13 de jun.
  • 3 min de leitura

Ouça a notícia na íntegra:


Com apresentações musicais e artísticas, o teatro mais antigo das Américas ainda em atividade comemorou mais de dois séculos e meio de história e de relevância cultural.


Fotografia do interior de um teatro histórico, vista do terceiro andar de camarotes. A imagem mostra quatro níveis de assentos: plateia central e três andares de camarotes laterais com gradis de ferro. No palco de madeira, há um piano de cauda preto e um homem em pé diante dele, voltado para a plateia.
Diretor da Casa da Ópera, discursa sobre o compromisso do espaço com a memória, a arte e a preservação do patrimônio. | Foto: Davi Lacerda

A Casa da Ópera de Ouro Preto completou 255 anos na última sexta-feira, 6 de junho, com uma programação especial aberta ao público. O espaço, reconhecido como o teatro mais antigo em funcionamento das Américas, recebeu apresentações nos dias 6 e 7 de junho que marcaram as comemorações, reunindo artistas locais e nacionais, em espetáculos de música instrumental e teatro. 


O espetáculo de abertura foi “Sangue Latino”, com os músicos Gustavo Fechus e André Vitorino. Ao piano, violino, violoncelo e acordeon, os artistas conduziram todos os presentes por uma apresentação instrumental, com repertório que uniu ritmos latinos, evidenciando os vínculos afetivos e artísticos com Ouro Preto. “A Casa da Ópera sempre foi um cantinho muito prazeroso para executar música. É muito mágico. Essa casa aqui, por ser linda e uma das mais antigas da América Latina, tem uma sonoridade ímpar”, destacou Vitorino sobre sua experiência. 


Homem de perfil toca piano de cauda preto em um teatro histórico vazio. Veste camisa branca e calça bege. A cena é iluminada por luzes amareladas e refletida na superfície brilhante do piano.
Momentos antes do espetáculo, o pianista André Vitorino faz as últimas conferências nos instrumentos, enquanto a plateia ainda está vazia. | Foto: Mateus Del’Amore

No sábado, 7 de junho, o palco do Teatro recebeu o ator Luciano Luppi e a violoncelista Bruna Guimarães, que homenagearam o poeta português Fernando Pessoa. O espetáculo uniu música e teatro em uma proposta mais próxima do público, centrada na leitura dramática de poemas acompanhada por composições instrumentais ao vivo.


As duas noites marcaram o início de uma série de celebrações que não se limitaram ao entretenimento. O público presente, formado por moradores da cidade e visitantes, preencheram boa parte dos 300 assentos do teatro. A estudante de medicina Júlia Fernandes, frequentadora habitual da Casa da Ópera, se emocionou com a apresentação. “Não é a primeira vez que eu venho aqui. Toda vez que tem alguma coisa, eu estou participando. Eu sou apaixonada por esse teatro. Como sou fã de piano e violino, fiquei emocionada, até chorei”, disse a futura médica. 


A beleza dos espetáculos e a atmosfera do teatro também encantou os que estavam ali pela primeira vez, como Míriam Garcia, visitante da Guatemala que, por coincidência, também faz aniversário no dia 6 de junho, mesma data da fundação da Casa da Ópera. “Ouro Preto é um lugar encantador, cheio de história, muito emocionante e com um teatro tão maravilhoso. Os artistas, com suas músicas, nos fizeram viver momentos maravilhosos. Para mim é um presente duplo, porque hoje também é meu aniversário”, destacou a coincidência como um presente.


Cena de uma apresentação em palco escuro com luz cênica colorida. À esquerda, uma mulher toca violoncelo sob luz rosada; à direita, um homem de cabelos brancos está à mesa, iluminado por luz verde de fundo e uma luminária verde.
Evocando o ambiente de um bar melancólico, Luciano Luppi interpreta Fernando Pessoa ao lado da violoncelista Bruna Guimarães. | Foto: Mateus Del’Amore

A Casa da Ópera


Fundada em 1770, ainda no período colonial, a Casa da Ópera atravessou diferentes fases da história do país - colônia, império e república até à contemporaneidade - sem perder sua função cultural. O projeto arquitetônico, atribuído a João de Souza Lisboa com apoio de Cláudio Manuel da Costa, segue o estilo barroco europeu e mantém as características originais, incluindo o formato interno típico dos teatros da época.


Nos seus 255 anos, o espaço foi palco de peças teatrais, concertos e recitais, além de ter funcionado como cinema em determinados períodos. Mesmo fechado, por vezes, devido a falta de manutenção, a Casa da Ópera sempre foi considerada referência cultural na cidade de Ouro Preto. Na primeira metade do século XX, o prédio foi tombado como patrimônio histórico e artístico nacional.


A Casa da Ópera é dirigida atualmente por Roberto Sussuca, artista plástico e servidor da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), que destaca a importância do teatro como símbolo da memória e da identidade cultural da cidade. “A Casa da Ópera é um espaço que acolhe a pluralidade artística da cidade e que carrega consigo a história viva de Ouro Preto. Aqui já se fez música, teatro, cinema e, a cada nova atividade, a gente reafirma o valor desse lugar como um bem cultural que continua em movimento”, enfatiza Sussuca.


Em entrevista exclusiva, Sussuca revela mais detalhes sobre a trajetória e a importância histórica da Casa da Ópera. Confira:



A Casa da Ópera está aberta para visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. Localizada na Rua Brigadeiro Musqueira, nº 68, no Centro Histórico de Ouro Preto, o teatro promove acesso gratuito a um dos patrimônios mais antigos do Brasil, convidando todos a conhecerem e vivenciarem essa longa história.

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