Sediada na cidade de Itabirito, a instituição tem como objetivo a criação de um espaço sustentável por meio de parcerias externas

Seja nas reflexões de Ailton Krenak ou mesmo na vida cotidiana, algumas ideias contribuem para tentar “adiar o fim do mundo”. Contemplada com um apoio financeiro de R$30 mil por meio do Edital "Ideias para um mundo melhor", a casa do adolescente de Itabirito visa criar um parque ecológico em sua própria sede. A ideia é aproveitar as plantas e espécies vegetais já presentes na área da instituição para criar um espaço interativo, com trilhas e atividades lúdicas de caráter socioambiental para toda a população itabiritense. No entanto, o projeto segue apenas no papel e ainda necessita de mais investimentos.
Um projeto sustentável e inovador, que espera para ser realizado
O projeto propõe transformar a área de 20 mil m² próxima ao Rio Itabirito, onde está localizada a atual sede da casa do adolescente, em um espaço público para estudantes, turistas e a própria comunidade local. Espera-se que, com a criação do parque, possam ser realizadas desde visitas guiadas e caminhadas por trilhas até a distribuição de mudas nativas e a criação de uma ecobrinquedoteca, onde serão confeccionados brinquedos com materiais recicláveis.

O cronograma do projeto está dividido em três fases, ao longo de 12 meses. Nos primeiros três meses, o foco será na preparação do espaço, com limpeza da área, poda de árvores e construção de trilhas. No quarto mês, o projeto será divulgado em escolas, associações comunitárias e rádios locais. A partir do quinto mês, o centro iniciará as visitações regulares, com seis atividades semanais, como trilhas educativas e oficinas ambientais. Parte da produção das hortas será utilizada para alimentação dos participantes e o excedente vendido para ajudar na manutenção do espaço.
Apesar do apoio inicial recebido por meio da Coca-Cola FEMSA Brasil, o gasto total do projeto está estimado em cerca de R$ 200 mil, que será destinado principalmente à contratação de equipe, infraestrutura e ações de comunicação. De acordo com a psicanalista da casa do adolescente e coordenadora do projeto, Carolina Scott, a implementação está apenas no começo, mas “espera-se cumprir o objetivo com excelência e ele ser como uma semente plantada, que vai crescendo com os cuidados certos durante o tempo.”
De acordo com a bióloga e professora universitária Samyra Furtado, um fenômeno comum nos dias de hoje é a impercepção ambiental.
Ela menciona que, por crescerem cercadas de prédios, muitas pessoas acabam por não se importar com as questões socioambientais que acontecem ao seu redor. “Em contrapartida, pessoas que possuem costumes de pegar frutas no pé, por exemplo, têm uma tendência maior de estarem mais conectadas com a natureza e consequentemente serem mais conscientes”, destaca.
O papel da casa do adolescente na vida dos jovens itabiritenses
De acordo com a colaboradora e assistente social Gilmara Lúcia, a casa do adolescente já atendeu mais de 7 mil jovens desde a sua criação e impacta atualmente cerca de 150 adolescentes mensalmente, oferecendo atividades educacionais, culturais e de formação profissional. Segundo ela, grande parte dos beneficiários reside em bairros como Padre Eustáquio e Padre Adelmo, que estão mais próximos da atual sede e são tidos como locais de classe média baixa.

Criada pela médica ginecologista Dalva, a casa do adolescente surgiu da preocupação da doutora enquanto mãe, que enxergou a importância da interação de suas filhas com outros jovens da mesma idade.
As primeiras reuniões aconteceram no Orfanato Santo Antônio de Pádua, e com o crescimento do grupo, passaram a ser realizadas nas próprias casas dos participantes. A primeira sede oficial da casa foi inaugurada em 30 de junho de 2000 e, desde então tem se mantido através de parcerias com a prefeitura, voluntários e a sociedade local. Após alguns anos de planejamento e campanhas para arrecadação de fundos, as obras da sede atual foram iniciadas em agosto de 2012.
A instituição é reconhecida pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, um projeto nacional implementado em 12 de outubro de 1991, e tem ampliado seu alcance com projetos que envolvem também as famílias dos atendidos. Atualmente, salvo doações de terceiros por meio do carnê de sócios e contas de água, quase todos os gastos da casa do adolescente são cobertos pela Prefeitura Municipal.
Para algumas pessoas, a instituição inclusive marcou um antes e depois no próprio desenvolvimento pessoal. A estudante Camilli Nayara, 22, frequentava o espaço junto de sua avó, que foi uma das colaboradoras voluntárias desde a criação, e menciona a importância da casa do adolescente na sua evolução de comportamento durante a adolescência, onde deixou de ser introspectiva “Ali foi um espaço onde pude me socializar mais com pessoas da minha idade, onde pude compartilhar dúvidas, descobrir novas informações”, destaca.

Serviço:
A casa do adolescente de Itabirito está localizada na Rua Engenheiro Simão Lacerda, 1579, Bairro Padre Eustáquio.
O telefone de contato é o (31) 3563-3495. Para acompanhar as atividades e ações do projeto, acesse as redes sociais: Facebook e Instagram.
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