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Comunidade do Padre Faria vive expectativa de regulamentação da nova Unidade de Conservação do Vale do Ojô

  • Arthur Marques e Francisco Leite
  • 17 de jun.
  • 4 min de leitura

Ouça a notícia na íntegra:


A ideia de desenvolver um Projeto de Lei vem sendo discutida há 4 anos e saiu do papel após reunião da Prefeitura, que contou com a participação da comunidade.


 #ParaTodosVerem: Fotografia de uma extensa ocupação urbana com casas construídas em uma encosta íngreme, cercada por vegetação de mata atlântica. As casas, predominantemente de alvenaria, se espalham ao longo dos morros. Ao fundo, vê-se cadeias de montanhas verdes sob um céu azul com nuvens dispersas.
Áreas urbanas se desenvolveram ao redor do Vale do Ojô ao longo do tempo. | Foto: Francisco Leite

A audiência pública que deu o aval para a elaboração de um Projeto de Lei da nova Unidade de Preservação de Ouro Preto, o Vale do Ojô, localizado no bairro Padre Faria, aconteceu no dia 27 de março e foi o pontapé inicial para a criação de mais um Monumento Natural na cidade.

Em nota, a Prefeitura de Ouro Preto informou que, juntamente com ambientalistas e a comunidade, a audiência é um sinal verde para a formalização do Projeto de Lei que será encaminhado para a Câmara de Ouro Preto oficializar.


De acordo com Pedro Rodrigues,  diretor de Parques e Áreas Protegidas da Secretaria de Meio Ambiente de Ouro Preto, as Unidades de Preservação são: “Espaços delimitados que visam proteger a fauna e a flora, sendo constituídas por práticas que evitam colocar em risco a função ecológica daquele local ou possam provocar extinção de espécies e submeter animais à crueldade.”


Além disso, elas contribuem para o saneamento básico, pois o Vale do Ojô abriga um afluente do Rio Doce, que é impactado pela mineração — especialmente pelo rompimento da Barragem de Fundão, em 5 de novembro de 2015, desastre-crime de responsabilidade das mineradoras Vale, Samarco e BHP Billiton, que despejou mais de 60 milhões de m³ de rejeitos na bacia do Rio Doce.

 

Hoje, existem cinco unidades de conservação em Ouro Preto: o Parque Natural Municipal das Andorinhas, Parque Natural Municipal Horto dos Contos, o Monumento Natural Municipal Gruta de Nossa Senhora da Lapa, Monumento Natural Municipal Arqueológico do Morro da Queimada e o Parque Natural Municipal de Cachoeira do Campo. 


A região de Ouro Preto é historicamente um dos principais polos da mineração no estado. De acordo com Pedro, a Secretaria de Meio Ambiente visa promover ações para mitigar os impactos da mineração na região. “Nós trabalhamos sempre com base técnica, então a confiança nos técnicos efetivos da secretaria é muito grande para que a gente possa conciliar o interesse minerário que existe de fato, com a necessidade da preservação ambiental”, afirma o servidor.


A criação do monumento é um passo importante para estabelecer o turismo do bairro Padre Faria, assim como no Parque das Andorinhas. “A prefeitura tem plena condição de realizar essa melhoria no turismo local e o Vale do Ojô é perfeito para transformar o Padre Faria em um polo de ecoturismo”, ressalta Pedro.


#ParaTodosVerem: Paisagem montanhosa com um campo de futebol de terra batida na parte inferior esquerda, cercado por casas de alvenaria. As construções estão espalhadas por morros e vales cobertos por vegetação. Ao fundo, observa-se o relevo acidentado das montanhas de Minas Gerais sob céu claro.
 O Vale é cercado por mais de um bairro de Ouro Preto. | Foto: Francisco Leite

O crescimento turístico corrobora o pensamento de Hanster Silva, graduando em geografia, integrante do Circuito Palma Preta e morador do bairro Padre Faria: “A aprovação do Monumento Natural também será de grande importância para a comunidade local, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento urbano, redução de impactos da mineração, saneamento básico e o turismo de base comunitária”.


Hanster diz que a comunidade foi ouvida durante a construção do plano de ação da regulamentação da nova Unidade , mas o processo ainda é algo novo para a população. Um dos intuitos é promover a visão do Vale do Ojô como um patrimônio de valor histórico, social e ambiental.

 

De acordo com Hanster, um dos principais impactos sociais do Monumento Natural é institucionalizar todo o processo, pois quando se registra e institucionaliza, é possível promover editais, implementar projetos educacionais e de pesquisa. Para criação do Monumento Natural existem várias diretrizes, podendo ser uma Unidade de Conservação, um Parque ou um Sítio Arqueológico.


“O Circuito Palma Preta é um roteiro de vivências turísticas que buscam ressignificar a história de Ouro Preto a partir do Vale do Ojô. Contamos parte dessa história, trazendo à memória local e à história da industrialização, para além do processo da exploração do ouro no século XVIII, que aponta que o Vale foi um dos primeiros lugares a ter extração do ouro”, diz Hanster.


As ações do Circuito começaram há cerca de 6 anos, com apoio da Sociedade Espeleológica de Ouro Preto, com o trabalho de pesquisar e mapear as cavernas do Vale do Ojô. Não se tinha informações e passeios no Vale antes do Palma Preta, depois que começou-se  a pensar o Vale com uma visão educacional e ambiental. As expedições foram o primeiro passo para ter a legitimação do Monumento Natural.


#ParaTodosVerem: Um homem de capacete e roupas escuras em uma pequena caverna esculpidas pela água. Um riacho corre sob seus pés e a luz do sol penetra entre as árvores no topo das rochas, iluminando parcialmente o interior úmido e sombreado da formação natural.
 Existem várias cavernas  e grutas dentro do Vale do Ojô. | Foto: Arquivo pessoal do Hanster Silva

Hanster explica também que outro fator importante é o impacto financeiro, pois o desenvolvimento regional parte através disso, gerando emprego e renda. Há também a possibilidade de criação de projetos para monitores do Vale do Ojô, com editais de meio ambiente, sendo possível desenvolver oficinas e festivais.


Conforme informado por Pedro Rodrigues, passada a audiência pública, os técnicos do meio ambiente farão uma avaliação do local. O mapa já foi apresentado e não houve alteração. Para efetivar a criação da nova Unidade de Conservação, faltam apenas a elaboração do parecer técnico e jurídico, junto com a assinatura do ato e publicação. Não há previsão para efetivação. 


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