A assistência estudantil se constitui de uma série de programas que têm como objetivo facilitar o acesso e a permanência dos estudantes na universidade. Essa é a definição apresentada no site da Pró-reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (PRACE), da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Destacam-se o atendimento à saúde, acesso à moradia e alimentação, suporte financeiro, além de outras ações que auxiliam os estudantes a alcançar um bom desempenho acadêmico, reduzindo a evasão universitária.
Dentre essas ações, está o atendimento realizado pela Coordenadoria de Acessibilidade e Inclusão (CAIN), que entrou em atividade no ano de 2006. O propósito do CAIN é apoiar estudantes que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem ou que tenham alguma deficiência física ou motora.
Ao Lampião, Marcelo Santana, coordenador de Acessibilidade e Inclusão do CAIN, explicou como funciona e como é realizada a seleção de monitores: “O processo seletivo de monitoria inclusiva ocorre de acordo com a demanda dos alunos com deficiência e verificação com a CAIN sobre a necessidade do mesmo ou da rotatividade entre os bolsistas já selecionados.”
A jornalista Cíntia Soares, formada pela UFOP, destacou a importância do auxílio do CAIN durante sua graduação: “Minha relação quanto à aluna da UFOP assistida pela CAIN foi boa, desde o início até o fim da minha graduação sempre que precisava estavam de prontidão, tanto o Marcelo quanto a Adriene.”
Essa assistência foi fundamental para que Cíntia pudesse concluir seus estudos de maneira inclusiva e com o suporte necessário para superar os desafios encontrados ao longo da formação.
Cíntia Soares conta que também utilizou a política de cotas universitárias para ingressar na universidade. A Lei nº 12.711/2012, mais conhecida como Lei de Cotas, criada pelo Governo Federal, é uma ferramenta de inclusão que facilita o acesso ao Ensino Superior para grupos historicamente marginalizados. Ela abrange estudantes de escolas públicas, pessoas de baixa renda, negros, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência (PcD), buscando corrigir desigualdades e ampliar as oportunidades educacionais para esses indivíduos.
A aluna, desde seu ingresso na universidade, já tinha sido informada de que teria direito à materiais adaptados e acompanhamento especial: “A aula de fotojornalismo, por exemplo, teve adaptação da câmera para que eu pudesse realizar as aulas práticas, nas demais aulas o monitor frequentava comigo, transcrevendo as matérias, uma vez que tenho deficiência da paralisia cerebral.”
Responsável por adaptar os materiais de acordo com as especificações de alunos com deficiência auditiva e visual, a ex-monitora Nathany Vasconcelos, que cursou três períodos do curso de jornalismo na UFOP, conta que realizava as transcrições dos vídeos de aulas que foram ministradas remotas durante a pandemia de Covid-19. Esses trabalhos demoravam cerca de duas semanas e, depois disso, os materiais eram encaminhados para os alunos atendidos.
A ex-monitora afirma a importância do núcleo na vida acadêmica dos alunos com necessidades especiais a partir da inclusão desses estudantes. “Não é só igualdade, mas dar oportunidade e equidade para que todos consigam participar da aula, compreender o conteúdo, sem ter uma barreira entre eles e os outros alunos.’’
Assim como Cíntia, a assistente social Amanda Viegas relata que foi bem atendida desde que se tornou PCD, após ter lesionado a coluna em um acidente de carro, quando estava no segundo período da graduação. Segundo Amanda, ao receber alta, o próprio hospital entrou em contato com a UFOP para que a universidade se adaptasse à sua nova realidade.
No retorno ao presencial, Amanda conta que teve acompanhamento de dois monitores, que, segundo ela, foram essenciais para sua adaptação. A aluna também relata que durante a pandemia do Covid-19 continuou tendo os auxílios e encontros com os monitores. Esses encontros eram realizados duas vezes por semana de forma virtual e com o passar do tempo foram diminuindo a periodicidade até o retorno presencial. Amanda relata ainda que após o retorno presencial, os atendimentos passaram a demorar mais tempo do que antes: “Quando as aulas estavam remotas o contato era realizado rapidamente, diferente do regime presencial, em que os atendimentos passaram a demorar em torno de três semanas.”
Sobre a demora no atendimento relatada por Amanda, Marcelo Santana afirmou que essa demora se deve ao “aumento da demanda e os novos estudantes que ingressam a cada semestre”. Questionado por email sobre o que tem sido feito para agilizar o atendimento a esses alunos, o coordenador não respondeu.
Mesmo com essa demora, Amanda afirma que a assistência dada pelo CAIN foi essencial para que pudesse concluir com êxito a graduação e concretizar seu sonho.
Também formada pela UFOP, a assistente social Viviane Oliveira, atuou como monitora no período em que estudou na instituição, mas conta que não teve treinamento para atender o aluno sob sua responsabilidade: “O que teve foi uma reunião para passar as demandas mais comuns do aluno e como seria realizado este trabalho.”
Segundo Viviane, o CAIN avaliava seu trabalho através de relatórios semanais que eram encaminhados para a coordenadoria e para o seu núcleo pedagógico. Além desses relatórios, também aconteciam reuniões para falar sobre a evolução do aluno acompanhado por ela, que tinha um transtorno de aprendizagem. Ao longo dos atendimentos, relembra Viviane, foi possível observar evolução do estudante em áreas como leitura, escrita, interpretação textual e certa autonomia nas realizações de outras atividades acadêmicas.
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