A população que se encontra em vulnerabilidade socioeconômica da cidade de Mariana, especialmente as gestantes, encontram suporte em programas realizados por entidades preocupadas com o bem-estar das mães e dos bebês
No dia 30 de novembro, o grupo espírita Amor e Luz (GEAL), por meio do projeto Sementinha de Luz, realizou a última entrega de enxovais de bebês do ano de 2024 a oito mães que estão na fase final da gestação. Foram seis encontros e 135 doações durante o ano e, além da entrega dos enxovais, o grupo também promove, no mesmo dia, palestras com profissionais da saúde a fim de orientar essas mães. A última reunião contou com a presença da farmacêutica Simone Silva que ministrou palestra sobre os riscos da automedicação durante a gestação.
Maria de Lourdes da Silva, de 71 anos, ex-moradora de Mariana, foi quem criou o projeto Sementinha de Luz, uma iniciativa que começou após um encontro mediúnico que a inspirou a confeccionar roupinhas de bebês e doá-las para mães carentes. Atualmente, ela mora no estado do Espírito Santo, mas não abandonou o projeto, pois continua sendo uma das costureiras ativas nas confecções. Juntamente com Maria da Conceição, de 72 anos, elas fundaram o projeto em 2017 e, desde então, dão suporte a mães que não têm condições financeiras para arcar com os enxovais.
Vulnerabilidade social e financeira em Mariana
Os desafios enfrentados por mulheres que passam pela maternidade em condições instáveis, especialmente de vulnerabilidade social e financeira, estão presentes na realidade de parte da população marianense. Segundo o Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (MADE), em 2022, 11,2 milhões de mulheres ficaram fora da força de trabalho por estarem dedicadas aos cuidados dos filhos menores. Nesse sentido, projetos sociais que auxiliam estas mães têm impacto significativo em suas vidas e famílias. Cleidiane Silva, de 33 anos, moradora do bairro Santa Rita de Cássia e contemplada com o enxoval, conta que estava desempregada: “consegui um emprego, mas fui mandada embora de novo. Só o meu marido estava trabalhando e já é o meu terceiro filho, então, [a doação] mudou por completo”.
Para receber o enxoval, as mães devem responder a um questionário socioeconômico, que é analisado e utilizado como critério de seleção. Depois de selecionadas, os enxovais são entregues para essas mães vindas de diferentes regiões de Mariana. O enxoval é composto por cobertores, fraldas de pano, babadores, banheiras e sabonetes infantis, entre outros. Lucimara de Jesus, que mora no bairro Cabanas e também recebeu o enxoval, explica ter conhecido o projeto por meio de uma amiga. Ela não teve dificuldades no processo de seleção: “Fiz o cadastro quando entrei no sexto mês de gestação, pois aí já sabia o sexo do bebê. Fiquei bem alegre, vem bastante coisa, material de ótima qualidade. Além disso, o trabalho é interessante, pois tem muitas mães que não tem condições. Esse é o único projeto que conheço”.
Assim como Lucimara e Cleidiane, outras mães podem ser contempladas com os enxovais, entretanto, muitas ainda não conhecem o projeto e nem outros programas oferecidos à comunidade, como, por exemplo, o Auxílio Natalidade disponibilizado pela Prefeitura. O programa visa atender necessidades advindas de vulnerabilidade temporária e calamidade pública, oferecendo às assistidas itens de vestuário, material de higiene e utensílios para alimentação.
Fortalecendo a rede de Apoio
Para a assistente social Adriele Ferreira, é importante que as ações sociais, como o projeto Sementinha de Luz, sejam articuladas com políticas públicas. Ela acredita que a Prefeitura pode colaborar com tais iniciativas, em conjunto com serviços socioassistenciais. “O CRAS [Centro de Referência de Assistência Social] e o CREAS [Centro de Referência Especializado de Assistência Social] podem identificar essas famílias e encaminhá-las para o programa, e consequentemente beneficiar cada vez mais pessoas”, sugere Adriele.
O maior desafio de projetos como o Sementinha de Luz, que não aceita nenhum tipo de incentivo político ou troca publicitária, é a falta de recursos para sua manutenção. Além das doações recebidas, os materiais para confecção e que acompanham o enxoval precisam ser comprados, como linhas, tecidos, banheiras, mamadeiras, saboneteiras etc. Nesse sentido, Gracy Santos, tesoureira do GEAL, explica que o grupo realiza o bazar beneficente para arrecadação de dinheiro e consequente aquisição destes materiais.
SERVIÇO: Para informações, inscrições e doações, entrar em contato com Cláudia Oliveira pelo número (31) 98425-5525 (Whatsapp) ou pelo Instagram do grupo: @geal_grupoespirita.amoreluz
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