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Camila Ferreira e Leonardo Minéo

O papel da educação patrimonial na formação da identidade comunitária

Programa Educativo Iphan +80 visa reforçar o sentimento de pertencimento e a identidade local junto à comunidade. A iniciativa busca criar laços mais profundos entre os moradores e seu legado, incentivando a preservação das tradições e da memória coletiva


Nos dias 24 e 25 de setembro, na Escola Municipal Padre Carmélio Augusto Teixeira,  em  Ouro Preto, o “Programa Educativo Iphan +80” ofereceu capacitação para educadores, agentes culturais, artistas e articuladores do território. O objetivo é formar multiplicadores da educação patrimonial, e, assim, expandir o conhecimento e a valorização da cultura da cidade mineira.


A equipe do Lampião acompanhou os dois dias da ação. Ao longo do curso, os organizadores Andréia De Bernardi, Carolina Dellamore e Eduardo Martins, todos educadores, apresentaram como a educação patrimonial busca conscientizar a comunidade sobre a relevância do patrimônio natural, cultural e histórico, que abrange tanto bens materiais, como monumentos e edifícios; quanto bens imateriais, incluindo tradições, festividades, saberes populares, e também bens naturais.

Esta etapa do Programa Educativo, que inclui as capacitações, teve início em 12 de agosto deste ano, em Cataguases (MG). Percorreu depois as cidades mineiras de Juiz de Fora, Congonhas, Ouro Branco, Mariana e Belo Vale; sendo  encerrada em Ouro Preto em setembro. A iniciativa é realizada pela Akala, uma Organização da Sociedade Civil (OSC) sem fins lucrativos, de Belo Horizonte; e tem apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).


#paratodosverem: A imagem destaca em primeiro plano os participantes do Programa, que estão sentados de costas para a câmera. É possível observar um público diversificado, predominantemente formado por mulheres. Ao fundo, estão os idealizadores do Programa: à esquerda, em pé, Andréia De Bernardi; ao seu lado, sentado, Eduardo Martins; e à direita da fotografia, em pé, Carolina Dellamore.

A ideia do projeto nasceu em 2017, a partir de uma demanda da então Superintendente do IPHAN, Célia Corsino. Segundo informações do site do Programa Educativo +80, a Akala recebeu o convite da Superintendente para desenvolver a ação. “Ela nos solicitou conceber e realizar um projeto educativo que contemplasse cidades mineiras que se destacam por seu Patrimônio”, explicam Andréia De Bernardi e Ives Melo, responsáveis pela coordenação geral e produção executiva do Programa, respectivamente. Andréia e Ives ainda contam que o nome do projeto foi pensado em razão de, na época, o Iphan estar comemorando 80 anos de atuação.


A capacitação oferecida em Ouro Preto na última semana de setembro foi elaborada para fornecer ao público presente ferramentas práticas e teóricas que possibilitem a integração do patrimônio cultural nas atividades pedagógicas cotidianas. Durante os dois dias de encontros, foram discutidas metodologias inovadoras que buscam aproximar diferentes públicos dos valores culturais locais, tornando o processo de ensino potencialmente mais interativo e contextualizado. 


Além disso, foram ministradas oficinas para apresentação de técnicas e dinâmicas que os participantes podem incorporar em suas atividades. Como destaca a organizadora Andréia de Bernardi, ao fazer um balanço das ações, “Do primeiro para o segundo dia de oficina, já recebemos relatos de professores e agentes culturais colocando em prática as dinâmicas vivenciadas conosco”. 


#paratodosverem: A imagem apresenta o banner de divulgação do Programa. No topo, destaca-se a frase "Programas Educativos Iphan +80", escrita em vermelho escuro e verde claro. Abaixo, há uma representação de uma pintura das “montanhas” de Minas Gerais, com cores vibrantes de azul, vermelho, amarelo e verde, e uma carruagem branca. Ao fundo da imagem, é possível ver parte do jardim da Escola Municipal Padre Carmélio Augusto Teixeira, local onde ocorreu o evento.

Com o objetivo de se capacitar e compartilhar conhecimentos, professores das escolas de Ouro Preto e região participaram da formação. Alline Gonçalves, estagiária de pedagogia na Escola Municipal Hélio Homem de Faria, afirma que “uma capacitação é sempre importante para te mostrar novos olhares para algo que te interessa. Inscrevi-me com essa expectativa e talvez que aprendesse novos meios de abordar o tema em sala de aula, para que minhas aulas fiquem mais dinâmicas e envolvem mais os alunos”. 


De acordo com a organização do Programa Educacional Iphan +80, em apresentação realizada para os participantes durante os dois dias da ação, a ideia é formar agentes multiplicadores aptos a promover a valorização do patrimônio cultural entre os alunos e a comunidade. Ao final do curso, os participantes receberam materiais didático-pedagógicos elaborados pela equipe do Programa, com foco em Ouro Preto, como o "Caderno do Professor" e o "Caderno do Estudante e da Comunidade".


#paratodosverem: A imagem mostra dois cadernos sobre uma mesa de madeira. À esquerda, está o caderno com o escrito em letras grande e em destaque na parte superior: “Programa Educativo Iphan +80”, seguido por “Educação Patrimonial”. Ao fundo, há uma pintura que retrata a cidade de Ouro Preto, e na parte superior, uma ilustração de uma carruagem. À direita, encontra-se o outro caderno, que apresenta o escrito em letras pequenas e em destaque na parte superior “Programa Educativo Iphan +80” e, logo abaixo, “Ouro Preto”. Ao fundo, é possível ver a mesma imagem do caderno anterior.

Alline Gonçalves, que atualmente cursa o 6º período de Pedagogia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), também destaca a importância do envolvimento da comunidade nesse processo. Ela afirma que o apoio comunitário é essencial para dar continuidade à educação das crianças, ressaltando que essa parceria não apenas complementa as aulas, mas também enriquece os conhecimentos adquiridos pelos alunos, criando um ambiente de aprendizado mais dinâmico e colaborativo. “Toda a educação tem que ter sua continuação, o que os alunos aprendem em sala tendem a levar para suas casas, com isso, eles trazem de casa histórias que complementam o que viram e enriquecem mais o aprendizado”, finaliza Alline.


Reconhecendo a importância da cultura patrimonial, Débora Etrusco, Secretária Municipal de Educação de Ouro Preto, enfatiza que a educação patrimonial nas escolas proporciona resultados significativos. “Ao trabalharmos com crianças e adolescentes, estamos ajudando-os a conhecer sua cidade e a formar sua identidade.” Além disso, ela ressalta que essa vivência e os conhecimentos adquiridos fortalecem o sentimento de pertencimento, permitindo que os jovens não apenas preservem suas memórias, mas também contribuam para a continuidade da conservação de Ouro Preto como Patrimônio Mundial. 


É nesse sentido que foi promulgada pelo município a Lei Nº 1.101, em 21 de junho de 2018, que institui o Programa Municipal de Educação e Patrimônio de Ouro Preto “Ouro Preto, o meu lugar!”. O Programa Municipal assegura que os alunos das escolas municipais tenham aulas diversificadas voltadas para o patrimônio. Essas aulas abrangem temas como patrimônio cultural, material, imaterial e natural, e tem o objetivo de proporcionar uma formação ampliada sobre a importância da preservação e valorização do patrimônio. “Outro objetivo deste programa municipal é que a gente desenvolva nesses estudantes da rede municipal a identidade do território e o pertencimento do ouro-pretano pelas coisas do município ", completa a Secretária. 


Em relação à capacitação oferecida pelo Programa Educativo Iphan +80, a professora Nádia Leocádio afirma que as experiências adquiridas a ajudaram a desenvolver novas ideias para tornar suas aulas mais lúdicas, dinâmicas e enriquecedoras para seus alunos. Nádia leciona na Escola Municipal Antônio Toledo Sobrinho, em Itabirito, e também na Escola Estadual Antônio Pereira, no distrito de Antônio Pereira. Para ela, “A Educação Patrimonial Afetiva, que foi o que vimos, principalmente, pode trazer resultados muito relevantes.” 


Ao mencionar sobre a Educação Patrimonial Afetiva (EPA), a professora se refere a atividades com intuito de reviver lembranças, escrever e compartilhar narrativas com temáticas culturais, estimulação dos sentidos e diálogo entre os participantes. A EPA é utilizada pelo Programa com o objetivo de estimular relações significativas, do modo como está proposto no material disponibilizado para os participantes ao longo do curso.


#paratodosverem: A imagem representa três varais com os trabalhos dos participantes; no primeiro observa-se imagens de cidades históricas por onde o programa passou. O segundo e o terceiro  há papeis e pedaços de tecidos de cores diferentes e com escritos e desenhos feitos pelos participantes.  Ao fundo é possível ver uma parede de pedras.

Para a Secretária de Educação de Ouro Preto, os impactos positivos de ações que desenvolvem a educação patrimonial são diversos, especialmente considerando o público infantil. “A gente está trabalhando com crianças que vão se sentir pertencentes a esse lugar e vão poder fazer a preservação dessas memórias e dar continuidade à preservação de Ouro Preto como cidade patrimônio mundial”.


A professora Nádia acredita que conhecer os patrimônios, sejam eles materiais ou imateriais, pode aproximar os estudantes da realidade em que estão inseridos. “Isso os ajuda a se orgulhar e a se sentir parte dessa comunidade, contribuindo para a construção de sua identidade”.


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