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Tarifa Zero e saúde são temas de evento em Mariana

  • Bianca Almeida e Larissa Rimulo
  • 16 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de jun.

Ouça a notícia na íntegra:


Especialistas brasileiros e estrangeiros discutem as relações entre os dois temas na cidade, mas a população tem pouca oportunidade de participação ativa nos debates


Cinco pessoas estão sentadas atrás de uma mesa retangular preta, participando de uma mesa de debate. Ao fundo, um telão exibe o nome do evento: “1ª Conferência Internacional Tarifa Zero e Saúde – Interseccionalidades Emergentes”, com data de 5 e 6 de junho, no Centro de Convenções Alphonsus de Guimarães, em Mariana-MG. À direita, dois homens em pé usam camiseta branca. Na lateral, há um banner com o rosto de uma mulher e o nome “Fundação Rosa Luxemburgo”. Algumas plantas decoram a frente da mesa e há público assistindo à mesa.
Monica Guerra, Gisele Bortolini, Thiago Guimarães, Letícia Cardoso e Katiana Teléfora na mesa de debate “Tarifa Zero e Saúde Pública I”, durante a Conferência Internacional  | Foto: Amanda de Paula Almeida 

Nos dias 5 e 6 de junho de 2025, Mariana foi palco da Conferência Internacional Tarifa Zero e Saúde. Mesmo com participações de pesquisadores internacionais e autoridades públicas, faltou a discussão de temas importantes, como as limitações do sistema, terminais deteriorados, rotas limitadas e falta de participação efetiva dos usuários nas decisões.


Durante a abertura, o prefeito de Mariana, Juliano Duarte, destacou a importância do programa Tarifa Zero e rebateu críticas sobre a superlotação dos veículos. Segundo ele, o aumento da demanda nos horários de pico é esperado e não é exclusivo de sistemas gratuitos. “Mesmo se a tarifa fosse paga, o ônibus também ficaria cheio, não tenho dúvidas sobre isso”, completou.


Juliano reiterou que a implementação da tarifa zero ocorreu em 2022, durante seu primeiro mandato, e que se mantém regular até hoje, em 2025. Transformada em política pública permanente no município, a iniciativa será mantida garantindo transporte gratuito até o fim de seu mandato.


Em contraposição, o pesquisador Thiago Guimarães, especialista em mobilidade urbana, trouxe uma visão crítica à implementação do programa em Mariana. “Se o prefeito fala que, mesmo com a tarifa zero, há situações de desconforto e superlotação, isso também tem que ser combatido. Não é só a adoção da tarifa zero que basta para resolver os problemas do transporte público numa cidade como Mariana”, afirmou. Thiago também defende, além da gratuidade, que o transporte público deve ser confortável, confiável e disponível.


Três pessoas compõem uma mesa de conferência, sendo: à esquerda um homem escreve em um caderno; ao centro uma mulher folheia anotações; à direita outra mulher fala ao microfone. Ao fundo, um telão exibe projeção com logomarcas de instituições organizadoras e, ao lado, um painel onde se lê “Rosa Luxemburgo”.
Thiago Guimarães, Letícia Cardoso e Katiana Teléfora participam do debate “Tarifa Zero e Saúde Pública I”, durante a Conferência Internacional | Foto : Bianca Almeida

A conferência também contou com a participação de Daniel Santini, pesquisador da Fundação Rosa Luxemburgo e autor do livro "Sem catraca: da utopia à realidade da Tarifa Zero" que, em sua fala, abordou a relação entre mobilidade gratuita e saúde pública. “A Tarifa Zero está diretamente ligada à saúde pública. Reduzimos a emissão de poluentes, diminuímos os acidentes de trânsito e ampliamos o acesso aos serviços de saúde.” afirmou.


Ao contrário do acesso defendido por Santini, a realidade dos moradores é outra, como atesta Rita de Oliveira, moradora do bairro Rosário. Ela relata que a ida à UPA se tornou ainda mais difícil após a mudança de endereço da Unidade. Para chegar ao bairro São Pedro, ela opta por se deslocar de táxi pois, no caso de usar o transporte público com Tarifa Zero, ela precisaria pegar dois ônibus.


 À noite, um ônibus amarelo com a frase “Tarifa Zero!” no letreiro se aproxima de um ponto. Na frente da imagem, aparecem de costas duas mulheres olhando para o ônibus – uma delas segura o celular, como se fosse tirar uma foto. Ao redor, há outras pessoas esperando e alguns carros passando pela rua de pedras. A cena é iluminada por postes de luz e árvores aparecem ao fundo.
Usuários do transporte de público no ponto de ônibus | Foto: Bianca Almeida

Arlinda Gonçalves, secretária de Administração e coordenadora do evento, destacou que Mariana foi uma das cidades pioneiras na adoção da tarifa zero em Minas Gerais.“A conferência é uma oportunidade de aprendizado. Mariana tem um modelo consolidado, mas sabemos que sempre é possível evoluir”, disse ela, lembrando que a experiência local tem servido de referência para municípios como Ouro Branco.


Já o secretário municipal de Segurança Pública, Ramon Magalhães, morador de um distrito de Mariana, enalteceu a importância da gratuidade nas rotas rurais. “A população rural tem acesso à cidade de forma gratuita. Nós temos áreas onde a passagem custaria até 30 reais ida e volta”, afirmou. No entanto, apesar de destacar “a felicidade de todos em entrar no ônibus sem precisar pagar”, ele não mencionou os horários escassos que ainda dificultam o acesso pleno de quem vive nessas localidades.


Especificamente sobre os horários e a disponibilidade de veículos, Rosana Silva, moradora do bairro Cabanas, se posiciona de forma bastante direta. “Uma das melhorias pode ser horários mais abrangentes para ter um atendimento maior para os moradores da periferia. E uma melhoria também de informação aos usuários, como informação de horários”, reivindica Rosana.


Apesar dos debates contarem com a presença de palestrantes qualificados, chamou atenção a ausência de moradores, coletivos populares, movimentos sociais e associações comunitárias nas mesas do evento. Usuários diretamente impactados pelo sistema, sobretudo das regiões periféricas, não tiveram espaço para relatar suas experiências com superlotação, falhas de infraestrutura ou baixa frequência das linhas.



1件のコメント


PEDRO VITOR DA SILVA
PEDRO VITOR DA SILVA
6月18日

Um assunto importante! Esperamos que o transporte gratuito de Mariana melhore.

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