Cidade apresenta índices melhores que a média do país e estadual. Apesar do aumento no percentual de cobertura, em comparação a 2023, nenhuma das oito vacinas para crianças menores de um ano disponíveis no SUS alcançaram a meta estabelecida
De acordo com dados da Rede Nacional de Saúde (RNDS), Mariana não alcançou as metas estabelecidas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) da cobertura vacinal para crianças menores de um ano de idade. Oito vacinas fazem parte do calendário de vacinação para essa faixa etária, disponíveis através do Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar do aumento dos índices em relação ao ano de 2023 (entre 2% a 9% por vacina), nenhuma das vacinas alcançou, até setembro de 2024, o objetivo de 90% a 95% da cobertura vacinal infantil desejada no município. Os dados são de outubro de 2024.
O calendário para essa faixa etária é composto de oito vacinas: Hepatite B, DTP, Febre Amarela, Pólio Injetável (VIP), Pneumo 10, Meningo C, Penta (DTP/HepB/Hib) e Rotavírus. Cada vacina deve ser administrada no bebê de acordo com o seu mês de vida correspondente. A imunização proporcionada por essas doses, quando administradas obedecendo ao calendário, protege a criança de doenças graves. Meningite, pneumonia, diarréias agudas, febre amarela e Hepatite B podem deixar sequelas, e, até mesmo, levar ao óbito em caso de contágio, principalmente devido ao sistema imunológico da criança ainda não estar plenamente desenvolvido.
Apesar de ainda não ter atingido a meta estabelecida, Mariana apresenta índices maiores do que os nacionais, alcançando uma cobertura média de 90% para as vacinas - enquanto o país fica em torno de 85%. O município também está à frente da cobertura do estado de Minas Gerais, menos na vacina do Rotavírus, em que o estado conseguiu alcançar a meta estabelecida (90%) de cobertura.
Apesar de alguns dos Postos de Saúde do município disponibilizarem as vacinas em suas unidades, é no centro de Mariana que está localizada a Central de Imunização, no bairro Barro Preto, principal local para a aplicação dos imunizantes no município. Isabela Lara, coordenadora da Central de Imunização, explica que a cidade segue as mesmas diretrizes do Ministério da Saúde em relação às metas de cobertura, calendário de vacinação e à frequência das campanhas. Em relação à imunização infantil, a coordenadora explica que o comparecimento dos pais, com seus filhos, é satisfatório: “A gente faz essas campanhas, divulgamos no Instagram e a gente conversa com os pais. Eles vão vindo até aqui e a gente fala, ‘então, vai começar a vacinação’. A gente tem um número efetivo de crianças, não estamos com uma taxa de abandono. A gente tem tido bastante procura”, afirma Isabela.
Kelly Martins, mãe de um menino de um ano e seis meses, diz que não sente dificuldades em relação ao cronograma de vacinação. Por outro lado, diz estar há meses tentando vacinar seu filho contra a Varicela, mas a falta do imunizante em Mariana não possibilita a vacinação: “Tá em falta, a gente veio tomar a dele da Varicela e está em falta, há meses. Não só aqui, como no resto do município.”
A coordenadora da Central de Imunização explica o motivo da falta desse imunizante: “A vacina vem do Ministério da Saúde, é o Estado que fornece essas vacinas. Então, quando a gente tem uma baixa de vacinas, não é uma falta só na nossa cidade, ela é uma falta coletiva. Se aqui em Mariana não tem, Ouro Preto também não tem, em Belo Horizonte também não tem, porque as vacinas são fornecidas pelo Estado. A gente está com uma falta muito grande da [vacina] Varicela. Eu acredito que a gente já vai para quase sete ou oito meses de falta dessa vacina.”
Isabela também esclarece que a falta de alguns imunizantes impacta nos números da cobertura vacinal, que acabam ficando defasados: “Quando a DTP está em falta, ela pode ser substituída pela Penta. Então, acaba que a gente não tem uma perda. Mas, quando você vai lá na cobertura, você vai ver que a DTP, ela vai estar em baixa. Se você for olhar a cobertura da Varicela hoje, ela está em baixa, mas ela está em falta. Então, isso também atrapalha um pouco a nossa cobertura”, explica.
A coordenadora também acrescenta que, outro fator que impacta para a meta de cobertura ainda não ter sido atingida, apesar da aderência dos pais às campanhas, é a centralização do local onde os moradores podem se vacinar. “Nós estamos trabalhando, em conjunto com a Secretaria de Saúde, para fazer essa descentralização. Então, eu acredito que na hora que descentralizar esses números, eles vão subir.”
Luana Pedroso, farmacêutica da Farmácia Escola da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), destaca que é importante realizar a imunização nos bebês conforme o seu tempo de vida, para que eles não recebam imunizantes que contenha alguma substância alérgena, como o ovo, presente na vacina da febre amarela, que deve ser tomada aos nove meses. O calendário de vacinação é criado respeitando o que o sistema imunológico da criança está apto para receber, de acordo com a sua faixa etária.
A farmacêutica enfatiza a importância da vacinação infantil: “A criança não tem um sistema imune que seja muito eficiente, vai desenvolvendo com o tempo. Essas são doenças que podem causar sequelas, diversos transtornos e até mesmo a morte. Então, a vacinação protege a criança de se contaminar. A vacinação não é importante só para aquela criança, mas para a sociedade como um todo”, afirma Luana.
Os moradores de Mariana podem se vacinar na Central de Imunização e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do bairro Cabanas e do distrito de Passagem. Nas UBS do Morro Santana e no distrito de Santa Rita Durão, as vacinas estão disponíveis às segundas e quintas-feiras, respectivamente. A Central de Imunização de Mariana, principal local para receber os imunizantes, fica na Rua Santa Cruz, 368, Barro Preto. A unidade funciona de segunda à sexta, das 08h às 15h. O telefone para contato com a Central de Imunização é (31) 3558-2062.
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