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Exposição em Ouro Preto celebra 200 anos de Bernardo Guimarães

  • Ana Xavier e Sabrine Varjão
  • 11 de ago.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 20 de ago.

46ª edição


Ouça a notícia na íntegra:


A mostra “Muito além de Escrava Isaura”, que acontece no museu Casa dos Contos, resgata legado do escritor ouropretano e fica em cartaz até o dia 17 de agosto.


 #PARATODOSVEREM: Fotografia de uma exposição em um museu. A imagem mostra um corredor com paredes brancas, nas quais estão pendurados quadros com molduras de madeira escura. Em destaque, à direita, há duas molduras visíveis de perto. Ao fundo, vê-se mais quadros alinhados na parede e vitrines de madeira com tampo de vidro sobre as mesas.
A mostra conta com ilustrações dos artistas do Atelier Dois Capelistas, além de livros raros escritos por Bernardo Guimarães. | Foto: Ana Xavier

Combinando arte gráfica e memória literária para homenagear Bernardo Guimarães, patrono da quinta cadeira da Academia Brasileira de Letras (ABL), a mostra “Muito além de Escrava Isaura” expõe quadros dos artistas Aurélio dos Santos e Leandro Vilar, do Atelier Dois Capelistas. As peças revelam um mergulho estético em obras pouco conhecidas do autor ouropretano.


A exposição também marca o início da “Semana Bernardo Guimarães”, idealizada pelos dois artistas em parceria com a Editora Liberdade. A programação da comemoração do bicentenário de nascimento do escritor e poeta inclui mesa-redonda, sarau, passeios culturais e o lançamento do livro Miscelânea, nos passos de Bernardo Guimarães, produzido pelo Dois Capelistas junto com a pesquisadora e editora Maria Francelina Drummond.


“A proposta é celebrar os 200 anos de Bernardo para além da Escrava Isaura. Muitas pessoas ainda não conhecem sua obra de forma mais ampla e a exposição busca justamente despertar esse interesse”, afirma o museólogo Ygor Fortes, responsável pela curadoria, em parceria com o Instituto Peck Pinheiro. 


A mostra apresenta ilustrações em bico de pena que reinterpretam crônicas, poesias, críticas e contos de Bernardo Guimarães. “Ele era muito visual. A gente só precisava ler, que a imagem já se formava. Foi uma delícia ilustrar. A gente queria que tivesse uma cara de livro antigo, por isso escolhemos o bico de pena e a tinta nanquim. É uma técnica antiga, mas carrega o cuidado de ilustrar com o mesmo zelo de obras clássicas brasileiras”, explica o artista Leandro Vilar.


#PARATODOSVEREM:  Na  imagem, Leandro Vilar, integrante do Atelier Dois Capelistas, aponta com a mão direita para uma pequena placa afixada na parede, localizada abaixo de uma moldura de madeira com uma ilustração em preto e branco, que mostra uma das artes produzidas. Ele tem  cabelo curto, barba, usa um óculos de armação preta, veste uma jaqueta marrom de couro e uma camiseta amarela de gola alta.
Leandro Vilar conta que utilizaram a técnica do bico de pena para criar as ilustrações. | Foto: Ana Xavier

Além das releituras literárias, algumas ilustrações em exposição também retratam episódios documentados da vida de Bernardo Guimarães, ampliando a imersão do público na trajetória do autor. Exemplo disso é a denominação da rua onde Bernardo Guimarães morou e a curiosidade do fato deu origem a uma das telas mais bem-humoradas da mostra. 


Na obra, o autor aparece disputando a placa da via com o inconfidente Alvarenga Peixoto. A cena, ilustrada com ironia, lança um olhar crítico sobre as escolhas simbólicas dos governantes da cidade. “Em 1884, quando ele morreu, os vereadores chegaram a apresentar um projeto na Câmara para dar o nome de Bernardo Guimarães à rua que hoje é a Alvarenga”, relata Leandro.


#PARATODOSVEREM: Montagem com duas imagens lado a lado. À esquerda, uma ilustração em preto e branco emoldurada mostra uma cena na ponte de pedra da Rua Bernardo Guimarães. Dois homens discutem e puxam de lados opostos a placa com o nome da rua. São os escritores Bernardo Guimarães e Alvarenga Peixoto. Ao fundo, há um poste de iluminação antiga e casas, com o rio passando sob a ponte. À direita, fotografia atual da mesma ponte e rua: estrutura de pedra com cruz no topo, sob céu azul, e parte do arco da ponte sobre um córrego, com vegetação e construções ao fundo.
A via que carrega o nome de Alvarenga Peixoto em Ouro Preto já foi denominada rua Bernardo Guimarães. Atualmente, apenas um trecho dela permanece homenageando o escritor. | Foto: Ana Xavier

 Embora dialogue com diversas facetas da produção de Bernardo Guimarães, a mostra não ignora a presença dominante de Escrava Isaura no imaginário popular. Para os artistas Leandro e Aurélio, a proposta não é negar a relevância do romance, mas ampliar o repertório do público sobre a produção literária do autor.


A intenção é revelar um ouropretano regionalista multifacetado que foi romancista, poeta, crítico, além de jornalista e magistrado. “Ele produziu muito. Publicou em jornal, fez crítica literária, escreveu sobre quilombos, sobre a cidade. Foi também juiz”, destaca Leandro, lembrando dos dois períodos em que Bernardo Guimarães foi Juiz de Direito em Catalão, no estado de Goiás.


#PARATODOSVEREM: Fotografia de uma vitrine de madeira com tampo de vidro, exibindo várias edições do livro A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. Os livros estão organizados lado a lado, mostrando diferentes capas de edições publicadas em vários anos e idiomas. Acima dos livros, há etiquetas identificando as edições com informações como o ano de publicação e a editora, destacando as datas das edições.
A exposição apresenta edições raras do romance A Escrava Isaura. | Foto: Ana Xavier

A mostra ainda inclui a exposição de edições raras e inéditas das obras de Bernardo Guimarães. “Reunimos 17 livros do autor, incluindo primeiras edições e curiosidades sobre suas publicações, para que o público possa ter acesso direto a esse acervo”, relata o museólogo Ygor Fortes. Já os artistas do Atelier Dois Capelistas, consideram que se trata de um gesto simbólico de resgate. “É uma forma de reinscrever Bernardo no corpo da cidade, de dar visibilidade ao autor que viveu e escreveu aqui”, destacam.


A exposição convida o público a redescobrir Bernardo Guimarães para além de sua obra mais conhecida, revelando a riqueza e a diversidade de sua produção literária. Ao propor novas leituras, a mostra amplia o entendimento sobre o autor e resgata lados pouco explorados de sua trajetória. “É educativa, sensível, e devolve Bernardo Guimarães ao seu lugar de relevância na cultura mineira e brasileira”, conclui Fortes.

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