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Horários de ônibus são insuficientes para atender distritos

  • Camila Saraiva e Maria Clara Cardoso
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura

47° edição


A escassez de itinerários impacta as demandas e rotina da população que mora fora da sede do município de Mariana - MG


#ParaTodosVerem:  A imagem mostra um ponto de ônibus bastante movimentado, com várias pessoas esperando sob o sol. Algumas estão sentadas em um banco de concreto e outras em pé, segurando sacolas de compras. Ao fundo, há uma lanchonete e um portão azul cercado por plantas, enquanto os passageiros observam a rua à espera do transporte.
Moradores se acumulam no ponto, esperando ônibus que passa em poucos horários | Foto: Maria Clara Cardoso.

Solange dos Reis, 47 anos, é moradora do distrito Barro Branco, de Mariana - MG, onde também é gestora da Escola Municipal. Usuária regular do transporte público, Solange faz o trajeto para a sede do município de Mariana tanto para resolver questões particulares quanto para realizar atividades do seu trabalho. No entanto, ela enfrenta dificuldades na sua rotina pela falta de horários na linha distrital. “A minha maior dificuldade é que, às vezes, eu tenho que tentar carona. Assim, ali pelas oito, oito e meia, nove horas, porque a gente não tem ônibus nesse horário”, relata. 


Os ônibus que circulam entre os distritos de Mariana - Barro Branco, Bandeirantes, Bento, Cachoeira do Brumado, Cláudio Manoel, Monsenhor Horta, Paracatu, Padre Viegas, Barroca, Campinas, Mainart, Santa Rita Durão, Goiabeiras e Vargem - não atendem a população em horários essenciais, como o horário comercial e durante a noite para estudantes. Isso causa diversos transtornos na rotina dos moradores, que precisam dedicar um dia inteiro para ir à sede resolver questões rotineiras, como acessar bancos, supermercados e serviços de saúde.


A população dos distritos também fica com participação limitada em atividades e eventos culturais e artísticos promovidos na região central, como shows, festivais e feirinhas. Isso porque os horários de ônibus oferecidos nos finais de semana não permitem que esses moradores possam aproveitar completamente as programações. Caso queiram participar ativamente da vida cultural marianense, os moradores dos distritos precisam alugar vans ou pagar por caronas. “A gente tem que pagar van. Tem que pagar carro. Muito mais trabalho”, relata Solange. 


#ParaTodosVerem: Arte em formato de infográfico que mostra como é a disponibilidade de ônibus entre Mariana e seus distritos. A maior parte dos distritos recebe ônibus todos os dias, enquanto alguns não têm atendimento aos domingos ou aos finais de semana. Também são apresentadas as quantidades de horários de ida e volta. Nos sábados e domingos, várias localidades têm redução de horários e algumas ficam completamente sem ônibus. No geral, o material destaca que a oferta de transporte varia bastante entre os distritos e ao longo da semana.
 Infográfico mostra a distribuição de horários de ônibus das linhas distritais de Mariana

Maria Geralda Machado, 41 anos, moradora de Cláudio Manoel, distrito de Mariana - MG, onde também é dona de casa, utiliza o serviço de ônibus para cumprir os seus afazeres da semana em Mariana. Ela também sente falta de mais horários aos finais de semana para aproveitar os eventos da cidade. “No final do domingo não tem como vir de lá [Cláudio Manoel] para cá [Mariana]. Só tem às 16 horas para vir [para Mariana]. Mas, para vir no domingo de manhã não tem ônibus”, diz a moradora. 


#ParaTodosVerem: A foto mostra um ônibus da Transcotta avançando pela rua, com letreiro digital indicando “Cláudio Manoel”. O transporte tem tons de creme, laranja e vermelho. Ao fundo, surgem casas típicas de cidade histórica e fios urbanos. No canto inferior esquerdo, folhas de uma planta embaçada.
Moradores relatam que, além dos poucos horários, em alguns dias, os ônibus ficam cheios e as pessoas precisam ir em pé | Foto: Maria Clara Cardoso.

A escassez de horários também impacta na forma como a população vem trabalhar em Mariana. Em alguns distritos de Mariana, como Barroca e Vargem, a pouca disponibilidade de trajetos não é suficiente para atender ao horário comercial e os moradores precisam se reorganizar para trabalhar em Mariana. Josilene Aparecida Donato, 30 anos, moradora do distrito de Vargem, enfrenta dificuldades para sair de sua região e trabalhar na sede. “Quem quer ir e voltar para casa já não consegue, aí tem que pagar o aluguel e fica mais pesado. Tinha que ter um mais cedo, que voltasse para lá mais ou menos ao meio-dia e outro que voltasse mais ou menos às 17 horas”, revela Josilene. 


O que diz a Secretaria de Segurança Pública


A Secretaria de Segurança Pública é o órgão responsável por realizar a gestão do transporte público, sendo assim, é esta pasta que define, altera, planeja e fiscaliza os itinerários e os horários dos ônibus. Cristiane Costa Gonçalves, 31 anos, engenheira de transportes da Secretaria, explica que, de imediato, limitações orçamentárias inviabilizam uma expansão na ampliação de horários. “A Secretaria de Segurança Pública, em conjunto com a Secretaria de Administração, vem realizando, desde a implementação do programa [Tarifa zero], análises técnicas sobre a viabilidade operacional e financeira de ampliar os horários das linhas distritais”, justifica a engenheira.


Cristiane também comenta que existem alguns desafios a serem vencidos para implementação de novos horários nas linhas distritais. “Mariana possui uma característica territorial muito específica. É um município extenso, com muitos distritos e linhas longas. Como o pagamento do serviço é feito por quilômetro rodado, o custo para implementar novos horários nas linhas distritais é significativamente maior do que nas linhas urbanas, onde já conseguimos ampliar de forma expressiva a oferta de transporte”, ela informa.


A equipe do Lampião entrou em contato com a empresa Transcotta para apurar sobre a oferta de horários das linhas distritais, entretanto, a empresa informou que “os assuntos mencionados são de competência dos responsáveis pela gestão do contrato de concessão, ou seja, a Prefeitura e o Departamento de Trânsito.”



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