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Ouro Preto inicia restauração da Igreja de Bom Jesus de Matozinhos com recursos do Novo PAC

  • Bianca Almeida e Larissa Rimulo
  • 13 de ago.
  • 4 min de leitura

Atualizado: há 9 horas

46ª edição


Ouça a notícia na íntegra:


Verba de R$ 3,9 milhões marca primeira etapa de ações previstas para nove igrejas históricas.


#paratodosverem: Fotografia da Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Ouro Preto, em processo de restauração. A fachada da igreja, com duas torres amarelas está coberta por andaimes metálicos. À esquerda da imagem, há um canteiro de obras com chapas metálicas, materiais de construção empilhados e uma palmeira alta. À direita, há um prédio colonial de fachada branca com detalhes azuis e um operário de capacete caminhando próximo a pisos organizados no chão.
Obras de restauração seguem em ritmo constante na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos | Foto: Larissa Rimulo

Depois de quase um ano em tramitação entre seleção, revisão técnica e assinatura dos termos de compromisso, Ouro Preto entra na fase de execução de uma das nove igrejas históricas aprovadas pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na modalidade “Cidades Históricas”.


Relançado em 2023 com foco em infraestrutura e desenvolvimento social, o PAC contempla um eixo específico voltado para a preservação de cidades com valor histórico e cultural. Em Ouro Preto, os investimentos incluem a restauração de nove igrejas tombadas, além de museus e casarões, junto a obras de infraestrutura urbana e contenção de encostas. O objetivo é preservar o patrimônio e mitigar riscos em áreas vulneráveis da cidade. 


A primeira verba do programa, de R$ 3,942.605,99, foi liberada pelo IPHAN, em 2024, para recuperar a estrutura da Igreja de Bom Jesus de Matozinhos. A obra teve início no mesmo ano, e segue em execução com os serviços de substituição completa de estruturas do telhado, tesouras, enquadramento de ripas, telhas, instalação de manta térmica, restauração parcial das esquadrias, desmonte dos forros do átrio, sacristia e corredores laterais.     


#paratodosverem Fachada da Igreja de Bom Jesus de Matozinhos coberta por andaimes e telas de proteção, mostrando detalhes da restauração em andamento.
Preservação na Igreja de Bom Jesus de Matosinhos| Foto: Larissa Rimulo

Já as outras igrejas, apesar de terem o valor liberado pelo PAC, não tiveram as obras iniciadas. Os projetos seguem um fluxo articulado pelo Grupo de Assessoramento Técnico (GAT), formado por Prefeitura de Ouro Preto, IPHAN‑MG e UFOP, responsável por revisar planos de trabalho, atualizar planilhas orçamentárias, regularizar projetos antigos e acelerar a aprovação técnica junto ao IPHAN. “Uma vez que isso tudo é aprovado, a gente tem direito à captação do recurso financeiro e a cada obra varia, mais ou menos, de duas a três etapas” explica Arthur Coelho, arquiteto da secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação.


Para compreender a dimensão do investimento e o impacto das obras previstas pelo Novo PAC em Ouro Preto, reunimos a seguir um panorama visual com as principais informações sobre as igrejas contempladas. O infográfico detalha os valores estimados, estágios dos projetos e tipos de intervenção previstos para cada templo. Esses dados ajudam a visualizar a abrangência da iniciativa e os desafios envolvidos na preservação do patrimônio.


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As intervenções abrangem três etapas: restauração civil e arquitetônica (pilares, telhados, rede elétrica), restauração artística (retábulos, forros e talhas), e contenção de encostas quando necessário, dada a localização em morros de muitos templos.


Além da preservação do patrimônio cultural, Ouro Preto, que foi um dos primeiros sítios urbanos tombados pelo IPHAN, em 1938, e posteriormente reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 1980, deve experimentar impactos positivos com as obras, como a geração de empregos no setor da construção e restauro, valorização dos bairros históricos e o crescimento do fluxo turístico, especialmente o religioso.


#paratodosverem Imagem de um painel desgastado, com a frase impressa “Patrimônio é um direito!” em letras azuis sobre fundo branco. Abaixo, há uma assinatura manuscrita antiga, em tinta preta, com traços cursivos e estilizados. O painel apresenta manchas e sinais de envelhecimento.
Frase estampada em tapume da obra destaca a importância do acesso à preservação do patrimônio histórico.| Foto: Larissa Rimulo

Apesar do impacto positivo no longo prazo, a restauração de igrejas, museus e casarões costuma gerar efeitos imediatos no setor turístico. De acordo com Silas Sampaio, turismólogo da região dos Inconfidentes, quando um espaço é contemplado com recursos públicos ou privados para restauração, ele precisa ser fechado durante a execução das obras. Esse fechamento temporário impacta negativamente o turismo, já que representa um atrativo a menos em funcionamento e, geralmente, os processos de restauro são longos, podendo levar anos até a conclusão.


No entanto, ele reforça que esse sacrifício é necessário. “A gente fala que é um mal necessário, porque quando o bem é devolvido à comunidade, restaurado e muitas vezes remodelado, ele se torna um atrativo em evidência. Todos querem ver o resultado, as mudanças, e como o espaço foi adaptado para atender novas normas, como acessibilidade, a exemplo da Casa de Câmara e Cadeia, em Mariana, que ganhou um elevador para garantir acesso a todos”, completa.


Mais do que atrativos turísticos, as igrejas e capelas têm papel central na memória, na fé e no cotidiano das comunidades locais. Durante as obras, foram encontradas diferentes colorações nas alvenarias da igreja, resquícios de pinturas antigas. Sendo assim, a população foi convidada para uma votação para definir qual seria a cor utilizada, valorizando a participação da comunidade nas diferentes etapas do processo.


#paratodosverem Interior de uma igreja em reforma, com paredes e estruturas cobertas por tapumes de madeira pintados de rosa. O ambiente está protegido e isolado, mostrando o andamento das obras.
A Igreja de Bom Jesus de Matozinhos coberta por tapumes para preservação | Foto: Larissa Rimulo

Mais do que atrativos turísticos, as igrejas e capelas têm papel central na memória, na fé e no cotidiano das comunidades locais. Como explica o arquiteto Arthur Coelho, a participação da comunidade tem sido valorizada em diferentes etapas do processo. “Na prospecção, achou-se que os cunhais, as alvenarias, eram pintadas de branco, mas os cunhais eram de ocre. Já nas janelas e nas portas, acharam duas colorações, um pouco distantes, mas muito próximas. Então abriu para a população local fazer uma votação para definir qual cor” relata.


Para José de Paiva Gonzaga, morador do Bairro Cabeças e juiz da Irmandade da Igreja Bom Jesus de Matosinhos, o andamento das reformas é aguardado com esperança, mas também com consciência dos entraves burocráticos. “Então a nossa esperança é que prossiga, né? O mais rápido possível, porque sabemos como são essas coisas. Então vamos torcer para que o governo, o PAC e o Iphan não deixem a desejar”, afirma.


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