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Projeto Alferes celebra 15 anos de atuação em Mariana com foco em educação e inclusão social

  • Camila Nakashima e Cecília Quadros
  • 17 de jun.
  • 5 min de leitura

Ouça a notícia na íntegra:


Criado no bairro Santo Antônio, o projeto oferece atividades culturais e educativas para crianças e adolescentes, mesmo com poucos recursos financeiros.


 #ParaTodosVerem: duas crianças sorriem dentro de uma sala com instrumentos musicais de percussão e caixas organizadoras de outros materiais da aula. Ao fundo, aparece um senhor e outras crianças.
Crianças participam da oficina de fanfarra no Projeto Alferes, sob orientação de um dos monitores. | Foto: Cecília Quadros

O Projeto Alferes, iniciativa sem fins lucrativos, comemora 15 anos de criação em junho. Em 2010, Vanderley Lúcio, 59, militar aposentado, criador e presidente do projeto, propôs levar cultura e educação para crianças de 6 a 16 anos no bairro Santo Antônio, localizado na periferia de Mariana. A iniciativa foi pensada para proporcionar melhor qualidade no aproveitamento do tempo livre das crianças do bairro, também conhecido como Prainha. 


Desde sua criação, cerca de 290 crianças já foram atendidas. Waureliany dos Santos (23), foi uma das primeiras participantes. Hoje, sua filha Luna Vitória (9), também integra o projeto. “É melhor ela estar em um lugar aprendendo coisas novas do que em casa, sem fazer nada, ou na rua”, afirma.


O Alferes já ofereceu diversas oficinas ao longo dos anos, como dança, pintura, artesanato, informática e música. Atualmente, devido a dificuldades financeiras para a contratação de novos monitores, mantém apenas duas: fanfarra e audiovisual.


As oficinas, que atendem cerca de 40 crianças ao todo, são realizadas no contraturno escolar, às segundas e quartas-feiras, e têm como objetivo proporcionar momentos de aprendizado, expressão e recreação. Nicole Pereira Miranda, 9, é uma das participantes do projeto e fala com entusiasmo sobre as atividades. “Já aprendi bastante nas aulas de audiovisual. Tô aprendendo com o tio a usar a câmera do jeito certo”, conta.


#ParaTodosVerem: Uma criança ajoelhada na beira de um rio, de costas para a câmera. Ela veste uma camiseta branca e calça escura. A criança está encostando uma das mãos no chão.
Agatha participa da oficina de audiovisual, em atividade que acontece às margens do rio que corta o bairro Santo Antônio. | Foto: Nicole Pereira Miranda do Projeto Alferes

#ParaTodosVerem: Um homem encostado na grade de uma janela tocando um trompete rodeado de três crianças que carregam um tambor e baquetas, ao fundo há uma parede ilustrada e colorida.
Crianças e adolescentes do Projeto Alferes durante a oficina de fanfarra. | Foto: Foto: Cecília Quadros

No início, o Alferes não contava com um espaço físico próprio. Essa realidade mudou a partir de uma parceria com a Arquidiocese de Mariana, que cedeu a casa onde o projeto funciona desde 2014. Antes do início das atividades, o local passou por reformas e adaptações para receber ações sociais e educacionais.


Mesmo diante de diversos desafios, sobretudo financeiros, o compromisso dos colaboradores tem sido essencial para manter o projeto vivo. O desejo de fazer diferença na comunidade reforça a importância das atividades realizadas com as crianças e adolescentes.


Para continuar em funcionamento, o Alferes depende de recursos obtidos por meio de editais privados, doações financeiras, materiais e suprimentos. Além do apoio contínuo da Arquidiocese de Mariana, o projeto conta com parcerias pontuais de empresas, associações e uma contribuição mensal simbólica de três moradores da comunidade. No entanto, atualmente, não recebe nenhum tipo de incentivo público.


No dia 12 de maio, Vanderley apresentou a situação do Projeto Alferes em uma reunião na Câmara Municipal de Mariana, em busca de apoio financeiro. Embora outras reuniões já tenham sido realizadas com autoridades locais, os colaboradores relatam que o projeto ainda não conta com verba suficiente para se manter em funcionamento.


O secretário de Assistência Social de Mariana, Juliano Barbosa, avalia positivamente o trabalho desenvolvido pelo Projeto Alferes. Segundo ele, a iniciativa é relevante por acolher crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, proporcionando acesso à informação, alimentação, educação e ao fortalecimento de vínculos.


Apesar do reconhecimento, Barbosa aponta entraves que impedem o acesso do projeto a recursos públicos. De acordo com o secretário, a entidade teve uma prestação de contas reprovada e, por isso, encontra-se atualmente impedida de firmar parcerias com o poder público.


“O Projeto Alferes encontra hoje uma barreira, com prestação de contas reprovada. A Lei 13.019, marco regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), estabelece todos esses requisitos, sendo necessária a regularização por parte da referida entidade para que possa novamente pleitear acesso a recursos públicos”, afirmou.


Em resposta, o presidente do projeto, Vanderley Lúcio, informou que o processo de regularização já está em andamento e aguarda análise da Controladoria do município.

De acordo com Vanderley, os principais gastos da instituição atualmente envolvem a contratação de monitores, além de despesas com manutenção, limpeza, contas de energia e alimentação para as crianças. Ele destaca a importância de garantir ao menos um lanche durante o período em que os alunos permanecem no local. “As crianças chegam aqui e tem dias que a maioria delas nem café em casa tomaram”, afirma.


 #ParaTodosVerem: Um adolescente segura um trompete enquanto uma criança fazendo careta está com a mão na orelha escutando o som do instrumento. Ao redor há duas crianças e ao fundo um homem de boné, em frente a uma fachada com grafite colorido.
Crianças durante a oficina de fanfarra em frente a sede do Projeto Alferes. | Foto: Cecília Quadros

Ingrid Ribeiro (31), moradora do bairro Santo Antônio, atuou no Projeto Alferes ao longo de 2024 e destaca o papel fundamental dos funcionários na manutenção da iniciativa. Segundo ela, além de contribuírem com doações quando necessário, são eles que dão vida ao projeto. 


Convidada a integrar a equipe por sua amiga de infância, Taciane Rocha, Ingrid reforça o valor dos laços comunitários na trajetória da instituição. “Esse vínculo com a comunidade é um dos pontos fortes. O importante desse projeto é ele ter conseguido, ao longo dos anos, trazer pessoas da comunidade para estarem ali no dia a dia”, declara.


#ParaTodosVerem: Um homem e mais três mulheres posam para a foto em frente a uma casa com fachada grafitada com personagens coloridos.
Funcionários do Projeto Alferes reunidos em frente à sede da instituição, localizada no bairro Santo Antônio, em Mariana. |  Foto: Camila Nakashima

Caio Kinté (29), é um dos monitores do Projeto Alferes e conduz as aulas de audiovisual. A oficina, em atividade há cerca de um ano, tem como principal projeto a produção de um documentário sobre a história do bairro Prainha. Os próprios moradores atuam como fontes para o material, enquanto as crianças assumem um papel ativo na roteirização e produção: escolhem os entrevistados, elaboram perguntas e conduzem as entrevistas.


“Começamos as captações há uns 5 meses, filmando as ruas, o Ribeirão do Carmo, as oficinas do projeto, a arquitetura do bairro. Na semana passada começamos as entrevistas. Pessoas que são importantes para os alunos dentro do bairro.”, comenta Caio.


#ParaTodosVerem: Um homem segura uma câmera em um tripé e ao lado há três crianças. Uma delas segura uma bicicleta.
Oficina de audiovisual no Projeto Alferes. | Foto: Cecília Quadros

A iniciativa, além de educativa, fortalece os vínculos com a comunidade e amplia o olhar das crianças sobre o lugar onde vivem. Em meio à escassez de recursos, a oficina se destaca como uma alternativa viável e criativa, diante da impossibilidade de oferecer uma variedade maior de atividades.


#ParaTodosVerem: Um homem está agachado posando para a foto, juntamente com mais sete crianças em frente a fachada grafitada de uma casa. Duas seguram tambores de música e outra segura um tripé de câmera.
Crianças e adolescentes do Projeto Alferes, com o monitor de audiovisual Caio Kinté. | Foto: Cecília Quadros

O Projeto Alferes não terá evento comemorativo para o aniversário de 15 anos devido à falta de recursos financeiros e apoiadores. No entanto, uma iniciativa em apoio ao projeto será realizada neste mês: um bazar solidário marcado para o dia 14 de junho, às 9h, na Fupac, situada na Rua Antônio Alves, nº 78, no bairro São Cristóvão.


Se você tiver interesse em atuar como voluntário, entre em contato com Vanderley Lúcio pelo telefone (31) 9 8989-2718 ou visite a sede do projeto, localizada na Rua Porto Alegre, 22, bairro Santo Antônio, em Mariana - MG. Para apoiar o Projeto Alferes, você pode fazer doações na conta bancária abaixo:


Banco do Brasil

Agência: 2279-9

Conta corrente: 39370-3

CNPJ: 15.161.498/0001-41


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