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Mariana cria brigada contra incêndios

  • André Luís e Marcus Borges
  • 12 de ago.
  • 4 min de leitura

Atualizado: há 12 horas

46ª edição


Ouça a notícia na íntegra:


Às vésperas do período mais seco do ano, conhecido como “temporada do fogo”, Mariana instituiu oficialmente sua Brigada Municipal de Combate a Incêndios em áreas vegetais. 


Em uma estrada sob céu azul e limpo, um grupo de pessoas posa ao lado de uma viatura vermelha do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. Todos os brigadistas vestem jaquetas e capacetes amarelos, enquanto o bombeiro militar ao centro está com uniforme laranja. Todos estão sorrindo, parte está agachada e parte está em pé. Ao fundo, há postes de energia e fiação elétrica.
Servidores Municipais da Prefeitura de Mariana, sob coordenação do Corpo de Bombeiros, participam de treinamento para formação da Brigada Municipal. Créditos: Acervo/Secretaria de Meio Ambiente de Mariana.

A aprovação do Projeto de Lei nº 278/2025, de autoria do prefeito Juliano Duarte, ocorreu por unanimidade na Câmara Municipal no dia 18 de Julho, e prevê uma atuação organizada da brigada sob a coordenação da Secretaria de Meio Ambiente, em cooperação com o Corpo de Bombeiros Militar e Civil. A medida é considerada estratégica, pois Mariana enfrentou, em 2024, um dos anos mais críticos em relação às queimadas, quando o número de focos de incêndio aumentou mais de 24 vezes em relação a 2022, de acordo com o Banco de Dados de Queimadas. 


No início de setembro do último ano, o município chegou a estar entre os dez com maior ocorrência de incêndios em todo o estado. Foi nesse contexto que, no mesmo período, a equipe do Lampião publicou uma reportagem e um podcast alertando para os riscos das queimadas e os efeitos diretos no cotidiano da população, como a fuligem acumulada nas casas, a fumaça no ar e os danos ambientais e econômicos causados pelo avanço do fogo.


A nova brigada será composta por servidores públicos efetivos que estão sendo treinados e que serão credenciados pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), conforme as regras estabelecidas pela instituição. Para funcionar oficialmente, os brigadistas precisam, além de estar credenciados, contar com equipamentos adequados para atuar como apoio técnico. 


“A ideia da brigada ser formada por servidores municipais partiu do Corpo de Bombeiros, porque a atividade de combate a incêndio florestal é uma atividade de muita periculosidade. Caso aconteça alguma coisa no combate, eles têm toda a proteção previdenciária e securitária já contratada pelo município de Mariana”


Brigadistas com uniformes amarelos participam de simulado de contenção de fogo em área de vegetação seca. O exercício é acompanhado por militares do Corpo de Bombeiros, identificados pelos trajes laranja. A ação ocorre em terreno inclinado e sob céu limpo, reforçando a preparação para o período de estiagem.
 Equipe de brigadistas realizando aceiro para prevenção de incêndios de grande proporção, contando com a supervisão do CBMMG Créditos: Acervo/Secretaria de Meio Ambiente de Mariana.

O projeto também autoriza parcerias com entidades privadas para qualificação técnica dos profissionais envolvidos. A proposta está em conformidade com a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, sancionada pelo Congresso Nacional e Presidência da República em abril do ano passado, que orienta  o controle de incêndios e incentiva práticas de prevenção, educação ambiental e uso responsável do fogo em áreas rurais.


Para viabilizar as primeiras ações da brigada, a prefeitura sancionou, em julho, uma lei que destina R$380 mil ao combate e à prevenção das queimadas, com o objetivo de garantir uma resposta mais rápida e eficiente antes do agravamento da seca. O valor será dividido entre o Corpo de Bombeiros Voluntários de Mariana e o Instituto Habitat, organizações que já atuam no município em apoio às forças oficiais.  


Thiago Lage, coordenador do Instituto Habitat, reforçou a colaboração entre entidades nos combates às chamas. “Eu acho que é uma evolução. Essa percepção de ações preventivas, de fazer parcerias com outras entidades, eu acho que é importante, porque não é só o Instituto que consegue agir sozinho. É uma ação conjunta, não tem como a gente fazer sozinho”


A iniciativa também foi acompanhada por ações de engajamento da população, como a escolha do mascote da brigada por meio de participação popular, em consulta no Instagram. As três opções foram a jaguatirica, o mico-estrela e o eleito lobo-guará, animal símbolo do cerrado e frequentemente ameaçado pelas queimadas. 


O mascote aparece nas redes sociais com frases de alerta e conscientização, reforçando o papel coletivo no enfrentamento ao problema. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, a ideia é utilizá-lo como foco de campanhas educativas para crianças e em blitz de prevenção de queimadas.


Ilustração de um mascote de pelúcia que representa um lobo-guará sorrindo e acenando com a mão direita. Ele usa capacete e uniforme amarelos com a inscrição "SEMMADS MARIANA" no peito e o símbolo da brigada no braço. Ao fundo, há vegetação e uma construção desfocada.
Imagem publicada nas redes sociais da Prefeitura para divulgação oficial do mascote da brigada. Créditos: Instagram/Prefeitura de Mariana.

A criação da brigada surge como alternativa concreta diante da sobrecarga enfrentada pelo Corpo de Bombeiros da região. Mariana, que conta apenas com um posto avançado vinculado à sede de Ouro Preto, vinha dependendo de mobilizações emergenciais com caminhões-pipa, voluntários e o apoio integrado de instituições como o Instituto Habitat e Associação Humanitária de Serviço Social de Mariana, Guarda Municipal e Defesa Civil. 


O credenciamento da brigada para que efetivamente possa agir em campo depende de uma série de etapas, como a assinatura de convênio com o Corpo de Bombeiros (CBMMG), capacitação técnica de toda a equipe e definição de protocolos operacionais. Até o momento, foram treinados 12 funcionários municipais, vindos de diversas secretarias, mas o objetivo é chegar a um efetivo de 25 brigadistas, ampliando continuamente o número de profissionais aptos.


Felipe Caldeira Rodrigues, Engenheiro Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente foi um dos servidores que tiveram interesse em participar da iniciativa. “Parecia ser muito mais fácil, porque na prática a gente vê que realmente o bicho pega e não é moleza não. É bem difícil, mas foi muito boa a experiência. Como eu disse, não só da parte de combate ao incêndio, mas trabalhar em equipe, ajudar o outro e aprender também em uma situação de emergência, socorrer”, contou o novo brigadista.


Enquanto o município trabalha no credenciamento de novos brigadistas e finaliza etapas essenciais para a atuação em campo, os desafios diários mostram que a resposta exige muito mais do que apenas equipes treinadas. Com grande parte dos focos sendo causados pela ação humana, a consolidação de uma cultura de prevenção depende da articulação entre brigadistas, órgãos especializados e a sociedade local. O envolvimento coletivo se torna ponto central para enfrentar os riscos da temporada de fogo e promover avanços duradouros na proteção ambiental e na segurança da comunidade.




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