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O santuário que resistiu à lama

  • Ana Rodrigues e Cecília Caetano
  • 11 de jul.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 20 de ago.

46ª edição


Ouça a notícia na íntegra:


Patrimônio histórico que é símbolo de fé, memória e luta para a comunidade de Bento Rodrigues, a Capela das Mercês está na fase final das obras de restauro.


Fotografia tirada durante o dia, sob céu azul com nuvens, mostra a fachada frontal da Capela de Nossa Senhora das Mercês, que está passando por obras de restauração. A capela é branca, com detalhes em azul. Em frente à construção, há um tapume metálico com uma placa onde se lê: "Obras de restauração da Capela de Nossa Senhora das Mercês". No chão, há materiais de obra, terra e uma caçamba amarela à direita. Árvores cercam o local ao fundo.
A Capela de Nossa Senhora das Mercês, em Bento Rodrigues, entra na fase final de obras, mas a restauração dos elementos artísticos e integrados ainda não tem previsão de início. | Foto: Ana Rodrigues

Após o rompimento da barragem de Fundão em 2015, Bento Rodrigues, subdistrito da cidade de Mariana, foi arrasado pelo maior crime socioambiental do país. De acordo com dados do portal G1, 82% das edificações foram destruídas pela lama e, das 252 construções do local, 207 se localizavam na área diretamente atingida. Entre as construções que resistiram, por estar fora da área de impacto direto, está a capela centenária de Nossa Senhora das Mercês. 


Com o abandono e descaso do poder público, o santuário foi se degradando mas, ainda assim, a comunidade seguiu realizando missas, orações e velórios, além de sepultamentos no cemitério localizado ao lado da capela, reafirmando sua presença e a importância de manter viva a memória do lugar. 


Depois de muita luta da população, a justiça determinou, em setembro de 2023 que a Samarco,Vale, BHP e Fundação Renova deveriam iniciar, em até 30 dias, as obras de restauração da Capela Nossa Senhora das Mercês. As obras começaram após quatro meses, pois ainda havia a necessidade de licitar a empresa que viria a executar a restauração.


As obras na estrutura da capela começaram no início de 2024, com data prevista para a entrega da obra civil no dia 10 de agosto de 2025. Segundo Ana Paula Ferreira, arquiteta e urbanista com atuação em preservação de patrimônio cultural, e que também integrou a equipe de patrimônio da Assessoria Técnica da Cáritas, depois da obra civil será necessária a restauração dos bens integrados da capela. “E preferencialmente que seja o mais breve possível, porque a comunidade tem pressa e já aguarda a quase 10 anos para voltar a celebrar na capela com dignidade”, disse a arquiteta. 


Mesmo com a construção de uma nova capela no reassentamento, é no território de origem que os laços mais profundos permanecem. “Ela se marca como um espaço de religiosidade, de expressão que faz memória da história da nossa gente, do nosso povo, especialmente da comunidade de Bento Rodrigues. Como ela se manteve, ela se torna também um símbolo de resistência”, disse o padre Marcelo Moreira Santiago sobre a Capela das Mercês. Nesse espaço que sobreviveu ao crime, pulsa uma história coletiva que insiste em não ser apagada.


Para conhecer mais, acesse aqui a matéria sobre a primeira Festa de Nossa Senhora das Mercês, que aconteceu em setembro do ano passado, realizada após o início da restauração da capela original.




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