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Programa da Prefeitura pretende zerar fila de cirurgias eletivas em Mariana

  • Cecília Caetano e Gabriel Ferreira
  • 25 de ago.
  • 4 min de leitura

46ª edição


Ouça a notícia na íntegra:


No início do mês de agosto, o prefeito Juliano Duarte anunciou o lançamento do Programa Fila Zero, com investimento inicial de R$420 mil.


#PTV: Entrada de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A imagem mostra a recepção vista de fora, através de portas de vidro transparente. No interior, há diversas pessoas sentadas em cadeiras de espera, organizadas em fileiras. À frente, há um balcão de atendimento. Paredes verdes ao fundo exibem cartazes informativos.
Atendimento a demandas de cirurgia continua atrasado, o que prejudica a vida de marianenses que esperam agendamento. | Foto: Gabriel Ferreira

O programa Fila Zero, lançado no dia 1º de agosto, foi criado com a proposta de acabar com as filas de cirurgias eletivas da rede de saúde municipal. Neste primeiro momento, os recursos (R$420 mil) são oriundos do próprio município e, no dia 4, já foram iniciados os atendimentos da primeira etapa do projeto que contempla 97 cirurgias de vesícula.


A iniciativa do executivo tem previsão de ampliar gradativamente a realização de outros procedimentos que dependem de intervenções cirúrgicas. Além do valor inicial para as cirurgias de vesícula, já existe um novo investimento programado de R$229 mil para a realização de outros 366 procedimentos de colonoscopia e de endoscopia que estão em espera, sendo 145 e 221 exames, respectivamente.


O avanço na abrangência dos procedimentos será feito a partir de um levantamento do setor de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), que garante acesso a tratamentos médicos especializados que não estão disponíveis no município de residência do paciente. O TFD, benefício do Sistema Único de Saúde (SUS), cobre despesas de transporte e, em alguns casos, de estadia para o paciente e seu acompanhante, quando houver necessidade de que o tratamento seja realizado em outra localidade.


Aida Anacleto, integrante do Conselho Municipal de Saúde, explicou que o critério utilizado para definição da ordem de chamada dos pacientes será o número do protocolo. Ela relata que existe uma longa lista de espera por cirurgias eletivas e que isso ocorre por vários fatores como, por exemplo, a falta de profissionais especializados em cada caso. Ela também explica que as cirurgias poderão ser feitas no Hospital Monsenhor Horta, na Santa Casa de Ouro Preto ou em outros hospitais prestadores de serviços no SUS.


Conforme informações apontadas pelo site do SUS, a responsabilidade pelas cirurgias eletivas realizadas por intermédio do Sistema Único de Saúde é compartilhada entre município e estado. Os recursos financeiros na Saúde advêm do SUS, com repasse federal e estadual para o Fundo Municipal de Saúde. Assim, o município geralmente faz o contato inicial, oferecendo atenção básica à saúde do paciente, agendamentos e encaminhamentos, enquanto o estado cumpre o papel de financiamento, estruturação e gestão de serviços/programas de saúde.


Desde junho deste ano, R$139,8 milhões estão previstos para repasse ao município. O valor, proveniente do Novo Acordo de Mariana, depende da aprovação formal dos Planos de Ação na área da saúde e prevê melhorias para o setor. Esse recurso é destinado a ações imediatas, mas não existe especificação sobre investimento nas cirurgias.


Ao anunciar a criação do programa Fila Zero, Juliano Duarte alegou omissão por parte do estado sobre as demandas cirúrgicas do município. “Como o estado vem sendo omisso e não vem chamando a nossa população para realizar os procedimentos cirúrgicos, através de recursos próprios da prefeitura estamos realizando um investimento de R$420 mil para zerar a fila de cirurgias de vesícula nesta primeira etapa”, informou o prefeito. Embora tenha afirmado que o valor partirá dos cofres públicos, ainda não há registros de gastos e investimentos para o programa no Portal da Transparência da cidade.


Marianna Ribeiro, 42 anos, professora na rede estadual, aguarda há mais de 10 meses para fazer cirurgia. Ela relata que vem sofrendo com crises por causa de pedras na vesícula, o que atrapalha toda a sua rotina profissional e pessoal. “A primeira crise forte que eu tive, foi uma dor que eu não consigo explicar. Teve uma vez que parecia até infarto, de tão forte. Já precisei de atendimento de urgência várias vezes. Na UPA, quando é muito grave, já me deram até morfina”, conta Marianna.


#PTV: Mulher de expressão séria está sentada ao ar livre, em frente a um prédio branco com janelas e portas azuis. Ela veste uma blusa azul-clara e segura dois documentos voltados para a câmera: com a mão esquerda, mostra uma folha com imagens de um exame de ultrassom; com a mão direita, segura um laudo médico da Secretaria Municipal de Saúde de Mariana, com o brasão da prefeitura e logotipo do SUS. O cenário ao redor inclui gramado, piso de pedra e uma parede com sinais de desgaste.
Marianna aguarda por cirurgia desde o ano passado e, por isso, convive com dores intensas em decorrência de pedras na vesícula. | Foto: Cecília Caetano

Uma agente comunitária de saúde, que preferiu não ser identificada, explicou que não há prazos definidos e que cada procedimento possui um tempo de espera diferente. Por causa disso, os pacientes costumam ficar aflitos com a possibilidade de longos períodos de espera. Ela acredita que, em relação às cirurgias, o problema esteja no desequilíbrio entre o tamanho da demanda em comparação aos investimentos financeiros.


A agente também conta que já vivenciou situações em que pacientes acabam passando por um agravamento da doença, como o caso de uma criança de 5 anos que aguarda por cirurgia de hérnia inguinal há pelo menos dois anos, convivendo com dores intensas e constrangimentos por causa do inchaço na região afetada. Ela também relatou casos de óbito de pessoas que aguardavam há mais de cinco anos por uma cirurgia.


A Secretaria de Saúde de Mariana foi acionada para sanar questões e obter detalhamentos referentes ao programa Fila Zero, além de esclarecer os pontos apresentados pelas fontes, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Outras informações a respeito do programa e ações na área da saúde serão divulgadas na apresentação da Programação Anual de Saúde do 2° quadrimestre.


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